Na estreia com a camisa tricolor, Deco teve a chance de sair como herói aos 40 minutos do segundo tempo. A bola apareceu limpa para o meia fazer o gol da vitória. Mas o chute foi parar nas nuvens e os gritos de "Deco, Deco, Deco..." vieram, ironicamente, da torcida cruzmaltina. No último lance do clássico, Carlos Alberto também poderia virar o nome do jogo. Mas o chute cruzado, aos 47, passou muito perto da trave direita de Fernando Henrique. Os dois lances mostram como o clássico foi emocionante, com direito a quebra de recorde e que vai entrar para a história como o maior público do Campeonato Brasileiro de 2010. No total, 80.080 torcedores estiveram, neste domingo, no Maracanã, para acompanhar o empate de 2 a 2 entre Fluminense e Vasco, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Gum, Éder Luis, Fagner e Julio Cesar, pela ordem, marcaram os gols da partida.
Com o resultado, o Fluminense segue na liderança do Campeonato Brasileiro com 33 pontos, mas viu a diferença para o Corinthians - que venceu o São Paulo por 3 a 0 - diminuir para dois pontos. Já o Vasco segue em evolução. Está com 21, em nono lugar, agora na frente do Flamengo. Paulo César Gusmão manteve a invencibilidade e é o único técnico que ainda não perdeu na competição. Na próxima rodada, o Fluminense viaja até Goiânia para enfrentar o Goiás, penúltimo colocado, na quarta-feira, às 19h30m (de Brasília), no Serra Dourada. Já o Vasco encara o São Paulo, no Morumbi, às 22h.
Gum e Eder Luis marcam no primeiro tempo
Deco teve atuação discreta na estreia. E perdeu um
gol incrível (Foto: André Durão / Globoesporte.com) Foi um espetáculo digno do Maracanã, que a partir desta segunda-feira começa a receber as obras para a Copa do Mundo de 2014, orçadas em R$ 705 milhões. O palco mais tradicional do futebol brasileiro vai ter a capacidade reduzida parcialmente para 45 mil torcedores com a retirada das cadeiras inferiores nesta primeira etapa das reformas.
Tricolores e vascaínos lotaram o estádio, acabaram com todos os 66.757 ingressos colocados à venda. Quando os dois times entraram em campo, o que se viu foi uma linda festa nas arquibancadas. A torcida cruzmaltina, com milhares de balões brancos entre as bandeiras, montou um lindo cenário. No outro lado, o tradicional mosaico simulava a bandeira do Fluminense e três faixas ao longo do anel superior formavam a frase "Orgulho de ser tricolor".
Em campo, clima de paz. Escolhido pelos torcedores em uma votação pela Internet, o goleiro Fernando Prass usava a camisa 112, uma homenagem ao aniversário do Vasco no último sábado. Enquanto Fernando Henrique se ajoelhava, beijava cada uma das luvas e pedia ajuda dos céus, Carlos Alberto corria para o banco tricolor para dar um forte abraço no amigo Deco, que começava a partida na reserva.
Veio o apito inicial. Pela primeira vez, Paulo César Gusmão escalou Carlos Alberto, Felipe, Zé Roberto e Éder Luis juntos. Para isso, o treinador mudou o esquema tático do Vasco para o 3-5-2 e deixou Felipe como ala na esquerda, como no início da carreira. O Fluminense começou melhor, na pressão. Conca tinha liberdade para jogar. O Vasco demorou a acertar o posicionamento. Rapidamente, o Tricolor percebeu que o caminho era pelo alto. Emerson tentou primeiro. Mas cabeceou fraco e no meio do gol. Mas aos seis minutos, após cobrança de escanteio de Conca, Gum subiu mais alto que a defesa. Fernando Prass ainda fez um milagre e evitou o gol após a cabeçada. Mas a bola sobrou para o zagueiro, que soltou a bomba e estufou a rede. Fluminense 1 a 0.
O Vasco estava assustado. E Conca poderia ter feito o segundo. Após uma arrancada impressionante, o argentino perdeu o equilíbrio ao entrar na área e não conseguiu concluir. Mas após os 15 minutos iniciais, o Fluminense diminuiu o ritmo, e a torcida tricolor se calou na arquibancada. E, aos poucos, o Vasco foi se organizando. Felipe saiu da esquerda e foi mais para o meio. Zé Roberto se movimentava mais. O Time da Colina passou a ter mais o controle de bola.
Mas o jogo estava travado, com poucos espaços. A solução parecia estar na bola parada. Falta na entrada da área. Ótima chance. Mas Carlos Alberto acertou a barreira. O empate poderia ter vindo pelo alto. Felipe cobrou escanteio, Nilton desviou, e Carlos Alberto apareceu livre na segunda trave com o goleiro Fernando Henrique já batido no lance. Mas o meia-atacante concluiu para fora
O capitão cruzmaltino, porém, se redimiu aos 37 minutos. Em um ótimo contra-ataque, Carlos Alberto deu um passe primoroso para Éder Luis. Na cara de Fernando Henrique, o atacante tocou rasteiro e deixou tudo igual: 1 a 1. Na comemoração, o camisa 19 correu todo o campo e foi dar um forte abraço no técnico Paulo César Gusmão para acabar com qualquer dúvida de que a relação entre os dois estaria arranhada.
Os dois times voltaram sem mudanças para o segundo tempo. E o clássico recomeçou eletrizante. Logo no primeiro minuto, Julio Cesar arriscou da entrada da área, e Fernando Prass voou no canto direito para espalmar para escanteio. A resposta veio em alto estilo. E parecia replay do primeiro gol vascaíno. Contra-ataque, Carlos Alberto novamente encontra Fagner livre entre os zagueiros. O lateral, com muita calma, toca rasteiro na saída de Fernando Henrique. Era a virada cruzmaltina: 2 a 1.
Em desvantagem, o Fluminense se lançou ao ataque. Emerson, bem marcado, não conseguia espaços. Mas lutava como poucos. E o esforço foi recompensado. Aos 14 minutos, o atacante não desistiu de um lance na linha de fundo, pressionou Felipe e aproveitou uma distração do vascaíno para roubar a bola e cruzar para a área. A pane da defesa parece ter contaminado Zé Roberto, que interceptou o passe, mas também não tirou a bola da área. E foi desarmado por Julio Cesar, que chutou no canto esquerdo de Fernando Prass para empatar o clássico.
Logo após o segundo gol tricolor, Paulo César Gusmão resolveu tirar Felipe, cansado. No Flu, Deco finalmente entrou em campo aos 29 minutos. Mas o meia pouco produziu. O jogo ficou amarrado, com poucas oportunidades de cada lado.
Na melhor chance, a estrela tricolor falhou e isolou para longe a vitória. Julio Cesar fez boa jogada pela esquerda e centrou. A defesa vascaína dormiu e deixou Deco livre na marca do pênalti. O meia tinha tudo para marcar o gol da vitória e sair do Maracanã como herói. Mas o chute ganhou altura e passou muito longe do travessão de Fernando Prass . O nome de Deco foi cantado em alto e bom som. Mas pelos torcedores vascaínos. E no último lance do clássico, Carlos Alberto fez ótima jogada, entrou na área e chutou cruzado. A bola passou rente à trave. Final no Maracanã: 2 a 2.