sábado, 14 de agosto de 2010

Para repor saída de estrelas, Peixe prepara nova fornada de craques


Alan Patrick, meia do Santos
O desmanche do time que encantou o Brasil no primeiro semestre deste ano parece inevitável. O Santos dificilmente conseguirá concorrer com o assédio dos poderosos clubes europeus. André já se transferiu para o Dinamo de Kiev-UCR. Wesley foi liberado pela diretoria para cuidar de sua ida para o Werder Bremen-ALE. Neymar está na iminência de deixar a Vila Belmiro para jogar no Chelsea. Isso sem contar Robinho, cujo contrato de empréstimo terminou e ele voltou ao Manchester City. Todos esses jogadores têm uma particularidade em comum: são crias da fábrica de craques da Vila Belmiro. E se serve de alento para os torcedores alvinegros, uma nova fornada está sendo preparada pelas divisões de base.
Alguns já são mais conhecidos, como o meia Alan Patrick, de 19 anos, desde o ano passado já no elenco principal. Camisa 10 do time vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano, ele é visto como o sucessor de Paulo Henrique Ganso. Patrick será o primeiro a despontar. Outro que apareceu bem na Copinha e que também já treina no elenco profissional é o atacante Renan Mota, 17. Mas há outros. O clube aposta muito no lateral-direito Crystian, de 18 anos, figurinha carimbada nas seleções de base. Vestiu a camisa amarela no Campeonato Mundial sub-17, ano passado. Também vem sendo convocado para a Seleção sub-18. O volante Elivélton também costuma aparecer nas convocações dos técnicos das seleções de base.
Mas a grande aposta atualmente é o atacante Tiago Alves, de 17 anos. Destaque do Santos na Supercopa de Juniores disputada no mês passado, em São Paulo, marcando gols em todos os jogos (inclusive na final, contra o Flamengo), ele é visto como o possível substituto de Neymar. Suas características, porém, são diferentes. É mais alto que Neymar (1,81m contra 1,73), menos habilodoso, mas artilheiro. É rápido e tem chute potente. A outra esperança que despontou na Supercopa é o meia Felipe Anderson, que também chamou atenção na Supercopa. Habilidoso, tem qualidade no toque de bola e boa visão de jogo.
Garimpo
Renan Mota e Tiago Alves, atacantes da base do Santos
Renan e Tiago Alves, promessas do time sub-17
(Foto: Divulgação)
Quem vê o Santos revelando jogadores ano após ano pode ter a impressão que craques brotam do nada na Vila Belmiro. Antes de Neymar e Ganso, houve Robinho e Diego. Voltando mais no tempo, Pita, João Paulo. Além de Edu, Clodoaldo... só para citar os jogadores de Seleção Brasileira. Isso sem contar que o Peixe tem o privilégio de ter ajudado a formar o maior de todos os jogadores: Pelé, que chegou ao clube com 15 anos.
O diretor de Futebol de Base do clube, Paulo de Carvalho, admite que o Santos tem tradição de formar bons jogadores. No entanto, diz que isso é fruto de trabalho duro e investimento. Os jogadores não surgem do nada. São burilados em peneiras, testes e nas escolinhas do clube espalhadas pelo Brasil afora. O processo é amplo e muito difícil para os meninos que sonham em trilhar os caminhos de Ganso e Neymar. Trata-se de um vestibular duríssimo.
Do início do ano para cá, quando Paulo de Carvalho assumiu o comando da base alvinegra, o clube observou cerca de 5 mil jogadores. Desses, apenas 30 estão no clube, que mantém cinco categorias diferentes: sub-11, 13, 15, 17 e 20.  O clube conta com especialistas espalhados por todo o Brasil procurando projetos de jogadores. A missão é cortar o intermediário para evitar que jogadores da base sejam fatiados por empresários. Hoje em dia, a grande maioria dos jovens talentos santista está mais nas mãos de terceiros do que do Santos. Na avaliação do clube, é como se apenas 50% da base santista fosse, de fato, do Peixe.
- Nós estamos tentando reformular todos os contratos. Os novos jogadores têm, pelo menos, 75% dos seus direitos pertencentes ao Santos. Alguns são 80%. Estamos para contratar um garoto que será integralmente do clube - explica Carvalho.
Ele conta que existe um mercado próprio nas categorias menores, com empresários cercando os jovens talentos. Para evitá-los, Peixe está tentando ir direto na fonte.
- Como esses empresários chegam a esses garotos? Indo a jogos, torneios, pesquisando peneiras. Nós também estamos fazendo isso. Indo direto onde nascem os jogadores. Estamos implementando novas peneiras, buscando convencer os pais a assinarem diretamente com o clube. É difícil, mas nossa tentativa é de eliminar o intermediário.
Custo
Manter cinco categorias, com total amparo aos garotos, custa caro. São cerca de R$ 10 milhões por ano. Os garotos contam com cuidados médicos (que incluem psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas), alimentação, alojamentos, escola, ajuda de custo. Na Vila Belmiro, funciona até um Centro de Estudos, com profissionais contratados para dar reforço e acompanhamento escolar aos garotos.
Além disso, o Peixe mantém um centro de treinamentos exclusivo para as categorias de base. Aliás, foi graças a recursos que levantou com o investimento na base que o Santos conseguiu construir o Centro de Treinamento Meninos da Vila: o local saiu do papel com parte do dinheiro arrecadado nas vendas de Diego e Robinho, da geração campeã brasileira em 2002.

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