Campeão do Paulistão, da Copa do Brasil, o Santos estreou na Copa Sul-Americana buscando rechear sua sala de troféus. Essa era a promessa durante a semana: ir para cima do Avaí, largar bem na competição para iniciar a caminhada rumo a uma conquista internacional. Faltou combinar com os catarinenses. A equipe comandada por Antonio Lopes não tomou conhecimento daquele que vem sendo considerado o melhor time do Brasil: venceu por 3 a 1, nesta quinta-feira à noite, no Pacaembu, e, agora, pode perder por até um gol de diferença ou até por dois (desde que marque ao menos um) na próxima quarta-feira que vem, na Ressacada. Ao Peixe resta vencer por três gols.
Choque de realidade
Os primeiros 45 minutos do Santos pós-Copa Brasil foram um choque de realidade para os torcedores alvinegros. Não há mais Robinho, que voltou ao Manchester City. Também não há mais André, vendido para o Dínamo de Kiev. Paulo Henrique Ganso e Neymar ficaram no banco, poupados. Sem o Quarteto Santástico, que brilhou no primeiro semestre, o Peixe foi um time previsível, sem articulação de jogadas, sem velocidade, presa fácil para a marcação do Avaí. Marcel no lugar de André. Madson em vez de Neymar. Zé Eduardo por Robinho. Marquinhos tentando fazer as vezes de Ganso. A diferença técnica é gritante. O primeiro tempo evidenciou isso.
A equipe catarinense, por sua vez, mostrou um futebol consistente, com sólida marcação (sobretudo do bom volante Rudnei), e saídas rápidas, puxadas por Robinho, que passou pelo Santos. O Peixe tinha o domínio da bola e iniciava as jogadas, mas não conseguia entrar na área. Marquinhos foi deficiente na armação. Madson e Zé Eduardo erravam passes. Assim, o Avaí retomava e partia em velocidade.
O time catarinense ameaçou logo aos 6 minutos, quando Robinho passou por Arouca e chutou forte de pé esquerdo. Rafael, meio atrapalhado, conseguiu defender. O Santos só conseguiu fazer sua torcida se levantar pela primeira vez aos 9 minutos, quando Madson cobrou falta pela direita, de pé esquerdo, e obrigou o goleiro Zé Carlos a fazer boa defesa.
Aos 16, veio o gol justo do Avaí. Patric armou boa jogada com Caio pela direita e cruzou para a área. Durval não conseguiu cortar. O goleiro Rafael, sabe-se lá o motivo, deixou o gol para trás e tentou o corte já além da marca do pênalti. A bola, então, sobrou para Rudnei afundar as redes com um chute de direita.
O Santos passou a ser um time apressado após o gol. E com pressa, como sustenta o ditado, não se faz nada com correção. Os erros de passe se tornaram ainda mais frequentes. Quando houve um mínimo de acerto, o Peixe ameaçou mais efetivamente. Aos 28, Madson cruzou na área. Marcel mergulhou de cabeça e obrigou Zé Carlos a fazer ótima defesa.
Foi só isso. Ficou mais do que evidente que sem Neymar e, sobretudo, sem Paulo Henrique Ganso, o Santos é um time comum.
Nem estrelas salvam
Percebendo isso, o técnico santista Dorival Júnior colocou a dupla da Seleção Brasileira em campo no segundo tempo. Neymar entrou no lugar de Léo; Ganso, no lugar de Madson. Os garotos fizeram a torcida voltar a cantar. No entanto, a entrada dos craques não mudou o panorama a partida. Ganso e Neymar tentaram alguns lances, mas foram muito bem marcados. Marcinho Guerreiro, Caio e Rudinei estiveram implacáveis: não os santistas respirarem.
Além da inoperância na frente, o Santos estava escancarado. Arouca e Wesley marcando mal deixaram a zaga santista no mano a mano, ora com Robinho, ora com Vandinho. A dupla do Avaí, muito menos badalada que as estrelas santistas, davam as cartas, bagunçando a defesa alvinegra. Aos 13 minutos, preocupação para os santistas. Rafael, que sofreu uma pancada numa dividida, teve de deixar o estádio em uma ambulância, com suspeita de trauma cervical. Ele foi encaminhado até a ambulância que fica na beira do gramado para ser atendido. Felipe entrou em seu lugar.
Aos 18, erro na saída de bola do Santos e contra-ataque para o Avaí. Vandinho ganhou da corrida de Edu Dracena, escapou do carrinho de Durval e, com um lindo toque, encobriu Felipe. Um golaço.
Até essa altura, Neymar e Ganso estavam apagados. O meia errando passes simples, muito longe do que a torcida está acostumada. Quando a torcida do Peixe começava a ensaiar uma vaia, Neymar acordou. Aos 28, ele arrancou pelo meio em velocidade, deixou dois marcadores para trás e passou para Zé Eduardo, que recebeu pela direita e chutou forte, estufando as redes.
Apesar do gol, porém, o Santos continuava aberto, desatento. A defesa em pane. Aos 31, a equipe catarinense cobrou uma falta rápida. A zaga santista, dormindo, nem viu Caio cruzar a bola para Vandinho, que, sozinho, entrava pelo meio da área, só para completar para o gol.
Só dava Avaí. O Santos não era nem sombra do time que arrasou adversários para conquistar o Paulistão e a Copa do Brasil. A não ser por tentativas isoladas de Neymar, que se desdobrava, tentava jogar por 11, o Peixe sofria demais. Aos 38, por muito pouco não saiu o quarto gol dos visitantes, quando Felipe defendeu uma cabeçada de Robinho. A imagem da televisão mostrou que a bola ultrapassou a linha, mas a arbitragem nao deu o gol.
Para piorar a situação do Peixe, Neymar se machucou num lance isolado e teve de deixar o campo carregado. Como Dorival Júnior havia feito três alterações, a equipe terminou o jogo com dez jogadores.
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